sexta-feira, 11 de março de 2011

Quebrar as novas regras

"- Quer partir em uma pequena aventura? - De repente meu coração estava disparado. Seria tão maravilhoso se... - Quer quebrar as novas regras?"
Lestat para Louis, em "A Rainha dos Condenados" - Anne Rice

Estou feliz de repente tendo um momento só meu, escrevendo do que eu gosto, ouvindo as músicas que eu quero e sem me preocupar muito com o resto do mundo. É a primeira vez também que escrevo aqui me preocupando em atrair a atenção de quem lê.
Mas aí é que está - como pode ser um momento só meu se eu estou me preocupando com os outros que vão ler?
Eu queria escrever sobre o meu sonho. Mas, se eu bem me lembro, havia estabelecido para mim mesma a "regra" de não falar aqui nada muito pessoal, porque estaria sujeita a comentários que eu poderia não querer ler. Então essas coisas ficariam no meu diário.
Mas esse negócio de fazer regras pra uma coisa que tem que ser teoricamente livre não dá certo. Principalmente, para mim. Agora, eu quero que as pessoas leiam. Mesmo se não comentem, ou mesmo se comentem coisas que eu talvez preferisse não ler.
Mas pensar que eu ia manter um blog falando só de coisas externas sem nunca me tentar a falar dessas coisas era querer demais... Vide o post anterior.

Sempre que eu tenho esses sonhos eu fico o dia inteiro pensando neles e tentando recuperar o sentido, criar uma linha narrativa. Não é difícil eu acordar pensando que daria uma ótima fanfic ou conto, sendo que minutos depois eu vou me dar conta inevitavelmente de que isso é impossível, que aquilo não faz sentido nenhum. Mas não faz mal, eu vou passar o resto do dia pensando nele, em como seria bom se fosse de verdade, em como foi bom enquanto durou.

E, vez ou outra, eu acho alguém pra compartilhar esse sonho. Geralmente começa com "Nossa, tive um sonho muito legal hoje!", e eu bem empolgada pra contar meu sonho genial e esperando que a pessoa concorde comigo. Mas aí eu começo a descrever e descubro no meio do processo que é impossível passar pra pessoa o mesmo sentido que ele faz na minha mente. E aí eu já comecei... e no final geralmente eu tenho que acabar com um "é, eu sempre tenho os sonhos mais loucos". E ouvindo a pessoa rindo de mim, provavelmente pensando "era isso?". E todo aquele sentido lindo e maravilhoso que me fez ficar ouvindo músicas e tendo idéias o dia inteiro se desmorona num sorriso amarelo.

Bem, não é assim tão terrível, na verdade. É só frustrante. E não é culpa da pessoa que está me ouvindo. Um sonho é uma coisa íntima o bastante pra ter um sentido só para aquele que sonha. Não ia adiantar contar, seria impossível outra pessoa compartilhar do mesmo sentimento...

...ou talvez eu só esteja contando o sonho do jeito errado.
Talvez eu só nunca tenha dito o que realmente importou para mim no sonho. O que realmente fez sentido...
Provavelmente é porque isso, o que realmente importa, me deixa envergonhada. De falar.
Mas é por isso que eu escrevo, não é mesmo? Porque eu tenho vergonha de falar.

Oh my, estamos realmente quebrando as regras hoje. Eu nunca fiz um post tão íntimo.


Não importa que antes eu estivesse sonhando com casamentos ou com a Disney, importa é que esse sonho surgiu no meio. Os outros personagens não importam, aqueles que provavelmente vinham do Vampiro Americano, uma HQ que sai na Vertigo. Não importa o lugar, um supermercado, uma feira ou a rua. Não importa que os vampiros estivessem andando às quatro da tarde do lado de fora, ainda que estivesse bem nublado. Não importa a polícia desconfiando deles não-sei-porque, e a perseguição totalmente sem sentido que se seguiu. Não importa saber como um homem coube dentro de uma caixa de bonecas.

Nada disso importa. O que realmete importa é que eu estava lá, e eu era o Louis. E lá estava o Lestat, e eles eram aquele saídos da minha imaginação, os que vieram do livro, e não os atores do filme. Eu conversava com ele, e era realmente ele. Eu era o Louis e tinha que impedir o Lestat de fazer uma besteira, uma besteira que ele certalmente faria, porque era ele. E eu o conhecia, e eu sabia. E eu não queria que ele o fizesse, como o Louis não quereria. E eu saí correndo atrás dele, como o Louis sairia...

Naquele momento, eles existiram para mim.
E só para mim...
É isso que importa.

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