quarta-feira, 12 de setembro de 2012

"Você /precisa/ escrever?"

Já ouvi isso algumas vezes. Parece que algumas pessoas pensam que, se aquela atividade não é o que vai te dar dinheiro ou te fazer passar de ano na faculdade, você não precisa fazer. É supérfluo. Parece que, se o que você está fazendo não te dá dinheiro nem é importante para sua carreira (além de não estar nos parâmetros do que a maioria das pessoas considera como "lazer"), então você está perdendo tempo.

"Então você não precisa escrever, você quer escrever."

Escrever faz parte de mim. Escrevo, logo existo, eu já disse isso antes. Escrever me diz muito sobre mim. Às vezes eu me descubro escrevendo. Percebo várias coisas escrevendo.
E escrever ficção é como ir tecendo uma malha que vai tomando forma aos poucos e revelando seu desenho, revelando seu universo. Muitas vezes nem eu sei qual será o desenho final.

Sim, eu quero escrever. Eu preciso escrever. Eu tenho que escrever, pra ser quem eu sou.

(Escrito na lanchonete do CAC hoje à tarde, e fazia sentido na hora.)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Escrevo, logo existo

(escrito na tarde do dia 26 em Campos do Jordão)

Acho que fico tanto na cidade que o silêncio não me ajuda a escrever. Mas eu só consigo realmente escrever quando eu estou sozinha. Não sei se é vergonha de escrever na frente das pessoas. Mas tenho a impressão de que realmente não levam a sério o fato de eu escrever. Escrever o quê? Sobre o quê? Pra quem? E por quê?

Escrevo, logo existo. Porque sim. Porque o sol está quente e a sombra, fria. Porque o trem Maria-fumaça apita lá longe pra dizer que existe. Porque os quero-queros atacam os desavisados que se aproximam dos ninhos. Porque o céu está mais azul do que em São Paulo. Porque as araucárias daquele morro lá longe me encantaram. Porque nem parece tão longe assim. E porque eu fiquei sozinha agora, e porque eu me levo a sério.

(eu nunca vou aprender a falar coisas interessantes no blog e parar de falar sobre mim)

domingo, 29 de julho de 2012

simples assim

hoje não temos maiúsculas.

acho que as coisas costumavam ser mais simples. não sei se por que eu era criança, ou se foram surgindo mais coisas e elas foram realmente se complicando com o tempo.
antes, era ou não era. e mesmo que eu não quisesse acreditar que não era mais, não era e ponto. eu só tinha que aceitar isso e seguir em frente.
vai ver sou só eu questionando mais as coisas. vai ver são mais possibilidades. vai ver são mais coisas erradas. vai ver são as coisas que eu estou percebendo agora que estão erradas.
mas eu queria que fosse simples assim.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Disney way of life

Tá, então eu cansei de ver gente falando besteira e vim aqui despejar minha angústia.
Tem um "Disney" ali no título, então vocês devem ter uma ideia sobre o que eu vou falar. Mas eu vou falar não só da Disney, mas um pouco também de adaptações no geral.

Aquela coisa de "o original é sempre melhor".

Eu sempre fico um pouco irritada quando as pessoas reclamam de uma adaptação de um livro pro cinema. "Mas não era assim!", "Isso durava muito mais tempo!", "Eles não colocaram tal personagem!", "Não contaram tal parte da história!", etc. Isso acontece bastante também quando adaptam mangás (quadrinhos japoneses) para anime (animação japonesa).

Claro, uma adaptação pode ser boa ou ruim. Mas as pessoas esquecem de levar em conta que é uma adaptação. E uma adaptação NUNCA vai ser igual ao original!


No caso de livros que viram filmes, gente, é impossível transcrever o livro exatamente como ele é para a tela. Então você precisa julgar o filme como filme, e não como o quanto ele é ou não fiel ao livro. Você pode não gostar da adaptação, mas pode ser um bom filme. Uma coisa não exclui a outra.

Claro, ele pode ser uma adaptação ruim e um filme ruim. Às vezes, quando faltam cacos da história e ficam pontas soltas no filme, isso pode ser ruim. Mas ele não vai ser um filme ruim só porque não é igual ao livro.

A mesma coisa com mangás e animes. Muitos mangás viram animes antes mesmo de terem terminado de lançar (Fruits Basket e Kuroshitsuji, por exemplo). E por quê acontece isso? Porque tal mangá está fazendo sucesso, as empresas vão lá e fecham um contrato com o artista para lançar o anime. O anime, assim como os filmes, é uma adaptação  do mangá. Essa adaptação, também, pode ser boa ou ruim.

O que os fãs não entendem é que, se aquele mangá virou anime antes de terminar, é porque estava fazendo sucesso e tinha potencial para fazer sucesso como anime. Mas o mangá ainda não chegou ao final. E aí, o que fazer com o anime? Como pode ser bem possível um mangá parar de ser produzido por n motivos, os produtores do anime não querem correr esse risco. Então, fazem um contrato para x episódios, fazendo uma adaptação do mangá pra caber nesses episódios. E é humanamente impossível PREVER o final do mangá, de forma que o anime vai obrigatoriamente tomar um rumo diferente já que é uma ADAPTAÇÃO.


E não adianta os fãs cobrarem o anime para ser fiel ao mangá, já que isso não faz sentido nessas condições. Se esse anime é bom ou ruim, aí já é outra história.

Legal, né? Estão me acompanhando até aqui? Bom.

E aí chegamos no caso da Disney. Já ouvi muitas pessoas reclamando de como a Disney "mutila" os clássicos contos de fada e etc. com suas adaptações "criminosas".

(e eu também cheguei  auge da minha fúria e peço perdão àqueles que estão lendo estas palavras talvez um pouco duras demais... mas algumas pessoas precisam ler isso.)

Então, sr(a) Intelectual Privilegiado, devidamente letrado e instruído e "iluminado" que conhece os clássicos originais. Do alto de sua arrogância e puritanismo inúteis pode ficar difícil de enxergar o resto do mundo, mas vou fazer o meu melhor para ser entendida.

Legal você conhecer as histórias originais (considerando, é claro, que muitas dessas histórias possuem versões escritas que não necessariamente são as originais, e suas origens rementem a histórias muito mais antigas contadas apenas oralmente, das quais não se possui registro). Eu também já li várias versões originais.

É claro que o original vai ser sempre o original e isso não se discute. Mas nada impede de essas histórias, por serem tão aclamadas em seu tempo, ganharem versões mais modernas hoje em dia. Afinal, o mundo muda, as pessoas mudam, o pensamento da época muda.

Muitas dessas histórias não eram exatamente direcionadas para crianças. E, as que eram, o eram para crianças daquela determinada época. É mais do que normal que, para serem contadas e entendidas pelas crianças de hoje, elas tenham que passar por transformações.

Mas será que você, que considera as adaptações, principalmente as feitas pela Disney, "criminosas", sabe que para se contar uma boa história é preciso muito suor?

Pode parecer "fácil" e "bobo" pensar naquelas histórias que a Disney conta. É só pensar numa coisa bem maniqueísta, escolher o mocinho e a mocinha, escolher o vilão, fazer o bem vencer o mal e eles se casarem no final.

Mas no meio disso tudo há uma complexidade de personagem e uma elaborada curva dramática que você provavelmente não percebe, senão não estaria falando tanta besteira.

É importante pensar na genialidade do autor e no que ele realmente quis dizer com aquela história original, naquele tempo. Mas será que também não é importante pensar em como essas histórias estão sendo contadas e o que elas significam para as pessoas?

Nunca tiraria o mérito do original nem a genialidade do autor. Mas qual é o problema de alguém pegar essa história e, com maestria, adaptá-la para as crianças de hoje? Qual é o problema de se ter sempre um final feliz, de passar para as crianças que há esperança nesse mundo? Qual é o problema de confortar as pessoas contando histórias de seus heróis?

A vida já é amarga demais, todos nós precisamos de um final feliz de vez em quando.

Trecho retirado de "O Segredo dos Roteiros da Disney":

Ron Clements, corroteirista e diretor de A Pequena Sereia (...) estava em Copenhague para a estreia de A Pequena Sereia na Europa, sendo duramente atacado pela imprensa por causa das mudanças que ele e o corroteirista e diretor John Musker havian feito na história de Hans Christian Andersen, "especialmente a mudança no final, em que a sereia morria. Comecei a me sentir tão culpado que, quando encontrei a rainha da Dinamarca no final da estreia, me desculpei pelo que havíamos feito com a história de Andersen. Ela então me disse: 'Ora, ele nunca sabia como terminar suas histórias... agora ela tem um bom final!'."


Com isso, me despeço. ;)

Beijos.

PS: Apesar de eu repudiar Crepúsculo, aposto que metade das pessoas que dizem que "Drácula é muito melhor" nunca leram o original de Bram Stoker. Eu li. E, se querem saber, é muito chato. O filme do Coppola é muito melhor.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Criatividade não tem horário

Criar ação
Crias são
Criação.
Inpiração
Inspirar ação
Expiração
Transpiração.
Euforia
Eu faria.
Insônia
Insano
In sono
Em sonho.
Criatividade
Criar atividade
E minha própria realidade.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Ansiedade

Ansiedade é mexer nervosamente a perna sem saber por quê.
Ansiedade é deixar o cérebro se ocupar com a pré-ocupação das coisas que ainda não vieram e não deixar espaço para o presente.
É começar a fazer mil coisas e não terminar nenhuma. E descobrir que na verdade você não quer fazer nenhuma delas.
Ansiedade é não saber por que se está nervoso. É escrever sem parar apenas com a intenção de não deixar os dedos parados.
É lembrar de suas prioridades mas não parar de pensar nas sub-prioridades, e não fazer nenhuma delas.
Ansiedade é taquicardia. É tremer as mãos sem saber o que fazer.
Ansiedade é não fazer nada e querer fazer tudo ao mesmo tempo.
Ansiedade é angústia. É hiperoxigenação.
É não querer deixar o olho parado em um só foco.
É não querer parar de escrever, mesmo sem saber o que está escrevendo.
Ansiedade é ócio e procrastinação.