terça-feira, 26 de abril de 2011

I just... can't.

Acho que estão começando a aparecer aquelas loucuras que surgem quando você fica em casa muito tempo. Muito tempo sozinha no quarto. Já estou cansando de depender do F5 pra fazer as coisas andarem. Ninguém está falando comigo, mas eu também não sei se quero falar.
Os fantasmas da inspiração vêm me assombrar, girar minha cadeira e minha cabeça, me fazer pensar em mil coisas. Falam comigo pelas vozes de outros. Aquela música nunca pareceu assim tão sombria. Eu nunca tinha tido vontade de chorar por isso ou por aquilo. Aquela sensação nunca foi tão intensa.
Não era isso que eu queria. Essa era a hora de ter tido inspiração, mas pra outra coisa. Pra alegrar uma pessoa. E agora eu perdi o momento, porque estão me puxando para outro lado.
Quase sinto o momento indo embora. Não posso perder, não posso... volta, por favor. Fique comigo.
Se eu não escrever agora e perder essa oportunidade inoportuna, eu nunca vou me perdoar.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

The Crow Black Dream

Minha primeira fic publicada aqui. Que emoção!

"Oh don't talk of love" the shadows purr
Murmuring me away from you
Don't talk of words that never were
The end is all that's ever true
There's nothing you can ever say
Nothing you can ever do..."
Still every night I burn
Every night I scream your name
Every night I burn
Every night the dream's the same

(Burn - The Cure)

Oh. Então estava chovendo de novo.

Foi o que ele constatou, olhando pela janela estraçalhada, sentado numa poltrona esfarrapada. As pernas posicionadas de um jeito displicente, a cabeça jogada de lado no encosto da poltrona, alguns cachos negros do cabelo longo cobrindo-lhe o rosto.

Não pode chover o tempo todo.

Ou pode?

Um clarão de relâmpago iluminou momentaneamente o quarto, e a ele. A roupa negra, o rosto quadrado, o porte musculoso. Em seguida, o trovão - que abafou por alguns segundos a música que tocava, e que o entorpecia de um certo modo, por sua levada pesada e lenta de guitarra.

Ele girou a cabeça para o outro lado, preguiçosamente, olhando para as paredes rubras, iluminadas por velas. Ah, aquelas paredes vermelhas... se elas falassem... contariam toda a sua vida, a sua tão curta e tão longa existência de 20 e poucos anos.

Os olhares, os sorrisos, os beijos, as carícias, os sussurros...

Os gemidos...

"Shelly..."

Se as paredes falassem naquele momento...

Elas iriam GRITAR, gritar de tristeza pela perda, pela saudade, por aquela existência em preto e branco, pela dor da própria morte, e pela dor maior de voltar à vida e encontrá-la vazia. E depois de descarregarem a tristeza, as paredes iriam urrar, clamar pela única coisa que o mantém vivo, pela sua única razão de estar ali...

...Vingança.

Ele fechou uma das mãos em punhos e respirou profundamente, deixando o ódio invadir sua alma, injetando vida em suas veias. Não podia ficar parado ali. Precisava acabar logo com isso.

Levantou-se e foi até o espelho estilhaçado. Sua maior arma contra si mesmo estava ali. O pó branco e o lápis preto, que mais uma vez o vestiam com uma máscara que escondia toda a sua tristeza para deixar transparecer o ódio e a sede de vingança.

Olhar-se no espelho foi como olhar para dentro de sua alma, ver seu espírito refletido em cacos de vidro.

Mas não doía mais ver a si mesmo. Não importava mais.

Vestiu o sobretudo e saltou para a janela. Iria atrás da única coisa que importava.

FIM